25 de junho de 2017

Sobre amar

Se você se enxergasse como eu te enxergo
Você nunca, jamais, pensaria coisas tristes sobre si

Se você se amasse como eu te amo
Você nunca, jamais, se deixaria em segundo plano

Se você se admirasse como eu te admiro
Você nunca, jamais, subestimaria a si mesma

Se você se respeitasse como eu te respeito
Você nunca, jamais, deixaria ninguém te desvalorizar

Se você se apoiasse como eu te apoio
Você nunca, jamais, precisaria da aprovação de ninguém.

Se você sentisse tudo o que sinto por você
Você só iria se concentrar em exercer a si mesma
O tempo todo.

Aline Nobre, sobre amar.

22 de junho de 2017

Só eu.

Deus me livre de ser outra
outra que não eu mesma
Deus me livre de escolhas
escolhas que minhas não sejam

Oxalá que eu não me perca
no caminho de outros pés
Oxalá que eu tanto cresça
e não seja de mim revés

Não quero ser ninguém
além de mim.

- Aline Nobre, só eu.

16 de junho de 2017

“Ninguém é obrigado a nada”

Ficar na vida de alguém quando as coisas não vão bem é algo importante? É. É algo bonito? É. É algo admirável? É. É algo obrigatório? Não, não é, e temos que começar a pensar sobre isso.
A gente escuta e reproduz muito aquela frase de Antoine de Saint-Exupéry: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” e acaba interpretando responsabilidade emocional de forma equivocada. A gente confunde responsabilidade emocional com permanência forçada ou pior, a gente acha que o outro deve curar e lidar com as nossas frustrações, causadas por nós mesmos e pela expectativa que criamos sozinhos acerca do outro e do mundo.
Tenho lido vários textões e artigos de opinião falando sobre isso e a maioria deles tem teor de acusação às pessoas que decidem ir embora da vida de outras, mas o que a gente acaba esquecendo é que na verdade ninguém é brigado a nada, e a gente não pode fazer nada em relação a isso. Não podemos obrigar ninguém a permanecer. De que vale mesmo presença insossa?
Não me interpretem mal, não estou apoiando pessoas que somem da vida de outras “sem ver-nem-pra quê” sem deixar rastros, não concordo com isso, mas apoio o direito de ir e vir de cada um. Acontece que mesmo com os “adeuses” devidamente dados e com as cartas sobre a mesa colocadas, grande parte das pessoas continuam insistindo que os outros têm essa incumbência de lidar com as suas frustrações.
É bonito quando as pessoas querem permanecer e permanecem em nossas vidas apesar de nossas falhas e defeitos? É lindo, e a beleza da coisa é exatamente essa; a pessoa quis ficar. Se a pessoa foi embora, é uma escolha que coube a ela, e temos que aprender a respeitar escolhas diferentes das nossas.
Pode parecer egoísta e um tanto insensível, mas a frase “ninguém é obrigado a nada” tem me feito muito bem. Tenho sofrido menos, julgado menos, esperado menos, criado menos expectativas e me frustrado bem menos depois que comecei a entendê-la e aceitá-la.
Pode ser que você concorde com tudo que eu disse ou pode ser que você me ache uma completa ridícula de pensar dessa forma. Se for a primeira opção, que bom que não sou só eu que penso assim, mas se for a segunda opção, tudo bem, você tem todo o direito de achar isso, afinal ninguém é obrigado a nada.

Aline Nobre (16/06/2017)

3 de junho de 2017

Pessoas Espirituosas

Ando bem crédula na humanidade ultimamente. Todo dia alguém tem despertado minha sensibilidade de forma muito positiva, seja através de um ato, de uma fala, de uma música, de um abraço ou simplesmente de um olhar.
Ontem mesmo aconteceu uma dessas coisas que me fez pensar como através das pequenas coisas você pode ser uma pessoa muito espirituosa. Eu estava em frente a uma faculdade e precisava de uma informação, então perguntei para um rapaz que estava em frente ao prédio e ele se lamentou por não saber informar. Eu agradeci e ia seguir caminhando, até que ele falou: “Meu irmão com certeza sabe. Quer que eu ligue pra ele?”. Eu sorri e aceitei. Ele ligou uma vez, duas vezes, três vezes e o irmão não atendeu. “Espera só um pouquinho, vou ligar pra outra pessoa”. Ele então ligou pra essa outra pessoa que atendeu e me deu todas as informações que eu precisava. Eu agradeci de novo e então segui meu caminho.
Fui caminhando e pensando no ato daquele rapaz, que não tinha obrigação nenhuma de fazer todo aquele esforço pra ajudar uma pessoa que ele nem mesmo conhecia. Ele me ajudou com a disposição de quem ajuda um amigo. Fiquei sorrindo feliz e com a sensação que existe muita gente boa no mundo, que se importa com as outras pessoas, que toma como missão pessoal ajudar ao próximo e a próxima. São pessoas espirituosas.
Quando falo de pessoas espirituosas, não estou falando de religiosidade ou fé, falo dessa bondade que há dentro de algumas pessoas, que muitas vezes não tem religião nenhuma. É bondade pura.
São essas pessoas que são presença divina no mundo, mesmo que elas não acreditem nisso. São essas pessoas que são humanas. Humanas no melhor sentido que a palavra pode carregar.
Provavelmente aquele rapaz nem imagina o efeito da sua ação sobre mim. O quanto ele foi sinal do bem pra mim. Ele nem imagina o quanto ele deve fazer bem pra cada pessoa que ele se dispõe a ser humano pra elas. Espero que alguém já o tenha dito. Ele merece saber.
Acredito que a espiritualidade está nisso; alcançar a humanidade na sua melhor forma. Ser espirituoso é mais sobre ser humano do que sobre ser divino. Como já disse Viviane Mosé “Santo é um espírito capaz de operar o milagre sobre si mesmo”.


Aline Nobre (03/06/2017)

1 de junho de 2017

Morar no interior

Em uma dessas conversas sobre futuro com uma amiga, começamos a falar da possibilidade de mudar de cidade, das oportunidades que algumas capitais poderão nos proporcionar e da nossa dificuldade de sair do modelo de vida que o interior nos proporciona. No meio dessa conversa me lembrei de episódio que vivi há algum tempo.
Eram mais ou menos 14:00hrs de um domingo. Eu estava recebendo a visita de um amigo em casa e logo após o almoço ele iria embora. Quando fui deixa-lo na porta, avistamos uma menina de uns 2 anos de idade andando sozinha na rua. Eu tinha a impressão de conhece-la, mas não tinha certeza se era mesmo a criança que eu imaginava. Corri para alcança-la e tentei conversar com ela. Perguntei pra onde ela iria e ela começou uma tentativa de explicação na linguagem de crianças de 2 anos que eu só entendi a palavra no final da frase. “Vovó”.
Ela estava afoita, queria chegar logo ao seu destino, não tinha tempo para bater um papo com pessoas inconvenientes como eu que lhe paravam na rua. Como ela não aceitou parar, eu perguntei se poderia acompanha-la até a casa de sua avó. Ela aceitou, pegou na minha mão e continuamos a caminhar.
Eu sinceramente não sabia o que fazer, mas não poderia deixar aquela menininha sozinha e nem podia força-la a ficar comigo. A opção que tive foi acompanha-la. Em menos que um quarteirão de caminhada, haviam duas mulheres na calçada. Uma delas disse: “Olá, Cecília! Pra onde você está indo com Aline?”. Ufa! Alguém que sabia de fato quem era aquela menininha.
Mais uma vez Cecília foi interrompida por uma pessoa inconveniente. Ela não deu muita bola pra mulher, tentou se explicar novamente e me puxou pra continuar sua aventura. Eu então expliquei rapidamente a situação e elas então ligaram para a mãe de Cecília. A menina estava sem paciência, queria chegar em seu destino, mas foi atrapalhada duas vezes.
Em menos de 5 minutos sua mãe já estava conosco. Outra adulta para estragar os planos daquela menina.  A mãe dela explicou a situação, disse que a tinha deixado sobre os cuidados do pai, que dormiu enquanto deveria estar de olho nela, e abriu espaço para essa aventura da menina. Cecília voltou pra casa insatisfeita.

Essa história poderia abrir reflexões sobre diversos temas, poderia terminar falando sobre tragédias que poderiam acontecer, sobre o descuido da maioria dos pais, sobre travessuras que uma criança pode aprontar ou sobre domingos inesperados, mas a reflexão que não consigo parar de pensar é: Como é bom morar no interior.

Aline Nobre