16 de junho de 2017

“Ninguém é obrigado a nada”

Ficar na vida de alguém quando as coisas não vão bem é algo importante? É. É algo bonito? É. É algo admirável? É. É algo obrigatório? Não, não é, e temos que começar a pensar sobre isso.
A gente escuta e reproduz muito aquela frase de Antoine de Saint-Exupéry: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” e acaba interpretando responsabilidade emocional de forma equivocada. A gente confunde responsabilidade emocional com permanência forçada ou pior, a gente acha que o outro deve curar e lidar com as nossas frustrações, causadas por nós mesmos e pela expectativa que criamos sozinhos acerca do outro e do mundo.
Tenho lido vários textões e artigos de opinião falando sobre isso e a maioria deles tem teor de acusação às pessoas que decidem ir embora da vida de outras, mas o que a gente acaba esquecendo é que na verdade ninguém é brigado a nada, e a gente não pode fazer nada em relação a isso. Não podemos obrigar ninguém a permanecer. De que vale mesmo presença insossa?
Não me interpretem mal, não estou apoiando pessoas que somem da vida de outras “sem ver-nem-pra quê” sem deixar rastros, não concordo com isso, mas apoio o direito de ir e vir de cada um. Acontece que mesmo com os “adeuses” devidamente dados e com as cartas sobre a mesa colocadas, grande parte das pessoas continuam insistindo que os outros têm essa incumbência de lidar com as suas frustrações.
É bonito quando as pessoas querem permanecer e permanecem em nossas vidas apesar de nossas falhas e defeitos? É lindo, e a beleza da coisa é exatamente essa; a pessoa quis ficar. Se a pessoa foi embora, é uma escolha que coube a ela, e temos que aprender a respeitar escolhas diferentes das nossas.
Pode parecer egoísta e um tanto insensível, mas a frase “ninguém é obrigado a nada” tem me feito muito bem. Tenho sofrido menos, julgado menos, esperado menos, criado menos expectativas e me frustrado bem menos depois que comecei a entendê-la e aceitá-la.
Pode ser que você concorde com tudo que eu disse ou pode ser que você me ache uma completa ridícula de pensar dessa forma. Se for a primeira opção, que bom que não sou só eu que penso assim, mas se for a segunda opção, tudo bem, você tem todo o direito de achar isso, afinal ninguém é obrigado a nada.

Aline Nobre (16/06/2017)

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