Ficar na vida de alguém
quando as coisas não vão bem é algo importante? É. É algo bonito? É. É algo
admirável? É. É algo obrigatório? Não, não é, e temos que começar a pensar
sobre isso.
A gente escuta e
reproduz muito aquela frase de Antoine de Saint-Exupéry: “Tu te tornas
eternamente responsável por aquilo que cativas.” e acaba interpretando responsabilidade
emocional de forma equivocada. A gente confunde responsabilidade emocional com permanência
forçada ou pior, a gente acha que o outro deve curar e lidar com as nossas frustrações,
causadas por nós mesmos e pela expectativa que criamos sozinhos acerca do outro
e do mundo.
Tenho lido vários
textões e artigos de opinião falando sobre isso e a maioria deles tem teor de
acusação às pessoas que decidem ir embora da vida de outras, mas o que a gente
acaba esquecendo é que na verdade ninguém é brigado a nada, e a gente não pode
fazer nada em relação a isso. Não podemos obrigar ninguém a permanecer. De que
vale mesmo presença insossa?
Não me interpretem mal,
não estou apoiando pessoas que somem da vida de outras “sem ver-nem-pra quê”
sem deixar rastros, não concordo com isso, mas apoio o direito de ir e vir de
cada um. Acontece que mesmo com os “adeuses” devidamente dados e com as cartas
sobre a mesa colocadas, grande parte das pessoas continuam insistindo que os
outros têm essa incumbência de lidar com as suas frustrações.
É bonito quando as
pessoas querem permanecer e permanecem em nossas vidas apesar de nossas falhas
e defeitos? É lindo, e a beleza da coisa é exatamente essa; a pessoa quis ficar.
Se a pessoa foi embora, é uma escolha que coube a ela, e temos que aprender a
respeitar escolhas diferentes das nossas.
Pode parecer egoísta e
um tanto insensível, mas a frase “ninguém é obrigado a nada” tem me feito muito
bem. Tenho sofrido menos, julgado menos, esperado menos, criado menos
expectativas e me frustrado bem menos depois que comecei a entendê-la e aceitá-la.
Pode ser que você
concorde com tudo que eu disse ou pode ser que você me ache uma completa ridícula
de pensar dessa forma. Se for a primeira opção, que bom que não sou só eu que
penso assim, mas se for a segunda opção, tudo bem, você tem todo o direito de
achar isso, afinal ninguém é obrigado a nada.
Aline Nobre (16/06/2017)
Uau
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