Hoje eu
estava bem exausta da vida e de tudo que me tira a paciência. Um colega do
trabalho percebeu e me fez uma dessas perguntas difíceis que não se dá pra
responder sem passar por uma análise da vida que vivemos: “alguma vez você já
tirou um tempo só pra si, sem ter que se preocupar com nada?” e essa pergunta
está ecoando em mim até agora e infelizmente a resposta é: não.
É fato
que pouca gente se dá “ao luxo” de ter um tempo só para si, mas é fato também
que todo mundo precisa desse tempo.
Nós
vivemos em mundo imediatista, ligeiro e fugaz, que não espera por quem não
pretende alcançar a sua velocidade. Não é à toa que a ansiedade seja uma
patologia cada vez mais comum, esse modelo de sociedade adoece e mata.
A
sensação de globalização, de proximidade, de ter o mundo nas mãos e de ter
acesso a qualquer coisa e a qualquer hora, fez de nós pessoas impacientes,
impessoais e impotentes. No passo que temos acesso “a tudo”, quando algo sai do
nosso controle ou não gera respostas tão imediatas, começamos a nos sentir
fracos e incapazes de nos mover.
O sentido
do processo e do caminho foi-se perdendo. Esperar já não é uma opção possível
para a maioria. Por que tirar um tempo para si, sendo que que os outros
ganharão vantagem durante esse tempo? Por que aguardar os sentimentos ficarem
claros, se você pode partir para outra? Por que esperar ter certeza da escolha,
se o relógio da vida está acelerado e você está ficando para trás?
Você
entende que essa lógica é doentia?
Eu quero
ter tempo para andar de pés descalços na areia e sentir a energia solar, eu
quero ter tempo para entender quem eu sou e o que eu quero fazer de fato na/da
vida, eu quero ter tempo para amar e fazer coisas que amo sem a sensação de culpa
e de está desperdiçando minha vida. Eu quero poder escrever sobre o que sinto
sem me culpar porque amanhã tenho uma prova e ainda não estudei o suficiente e eu
não consigo me concentrar porque a vida é mais pesada do que parece.
Eu não
quero a resposta imediatista do whatsapp, não quero a instantaneidade das
relações virtuais, não quero ganhar no jogo do desinteresse e nem quero a
efemeridade de amores vertiginosos.
É pedir
muito querer uma vida com tempo para viver?
- Aline Nobre
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