29 de maio de 2017

Antigos Estranhos

Ontem estava desperdiçando tempo no Facebook quando recebo uma notificação me convidando para curtir uma página de textos autorais. Logo de cara havia uma crônica que falava sobre o tempo, então li, gostei e vi que é de autoria de uma mulher que conheço. Nós frequentamos alguns lugares em comum, temos amigas em comum, temos ideologias parecidas, mas nunca havíamos entrado em uma conversa de verdade, nunca passamos da linha dos bons modos e cumprimentos e eu então por um impulso passei dessa linha e enviei uma mensagem: “Adorei tua crônica naquela página do Facebook” e então começamos a conversar. Falamos de crônicas, poemas e vida. Trocamos crônicas, poemas e vida. E foi ótimo.
Comecei a pensar o quanto o cotidiano muitas vezes nos impede de conhecer gente nova e de buscar novas experiências. O tempo, do qual ela falava em sua crônica, sempre parece pouco pra o tudo que já temos e nos limitamos a ficar no mundo que já conhecemos, porque é mais seguro. Já temos atividades programadas para o dia todo.
Ao mesmo tempo que nos fechamos pra essas novas experiências precisamos reconhecer que tudo que conhecemos um dia nos foi algo estranho. Você nem sempre conheceu a faculdade. Você nem sempre esteve nesse emprego. Sua melhor amiga nem sempre foi sua melhor amiga. Você conheceu seu namorado ano passado. Você nem tinha essas ideias uns anos atrás. Você nem mesmo morava na mesma casa. Tudo foi estranho em algum momento.
Nossa vida é feita de antigos estranhos.
Quando nos abrimos, mesmo que seja um pouquinho, pra qualquer coisa (ou pessoa) que ainda não conhecemos, nós abrimos espaço pra um futuro-antigo-estranho que pode vir a ser um presente em breve. Tenho buscado fazer essa experiência há algum tempo e tem me proporcionado muitas surpresas boas, eu recomendo.
Você pode começar indo ao cinema sozinha, indo a um show de algum artista local que você não conhece, fazer algum curso que você nunca pensou em fazer, sentar na praça ou simplesmente dar um sorriso pra quem senta do seu lado no ônibus. Olhe para os lados e descubra o quanto a vida pode te surpreender.
Você pode ser o antigo estranho na vida dos outros também.


Aline Nobre (29/05/2017)

21 de maio de 2017

Se eu não fosse eu.

Se eu não fosse eu
eu me chamaria de louca
riria de mim
e me perguntaria:
"é normal ser assim?"

Se eu não fosse eu
eu me aproximaria
por pura curiosidade
e me perguntaria:
"você é assim de verdade?"

Se eu não fosse eu
perguntaria aos meus amigos
(que provavelmente não saberiam responder):
"o que foi que ela tomou
pra nesse estado permanecer?"

Se eu não fosse eu
ou eu teria inveja de mim
ou sentiria pena
"como viver assim tão contente
existindo tantos problemas?"

Aline Nobre, tentando pensar sobre mim fora de mim.

26 de abril de 2017

O Tempo.

o tempo me engole
todo dia
todo mês
e todo ano
sou consumida.

o tempo me esmaga
todo dia
todo mês
e todo ano
sou diminuída.

o tempo de prepara
todo dia
todo mês
e todo ano
sou mais sagaz

o tempo me revela
todo dia
todo mês
e todo ano
sou mais eu.

Aline, quando chego perto de mim.

27 de março de 2017

Ela Sabe

Ela sabe o poder que tem

o andar dela esbanja que ela sabe
a voz dela fala que ela sabe
o toque dela prova que ela sabe
o olhar dela mostra que ela sabe

ela sabe quem ela é.

ela se ama.

e esse amor faz a gente querer amá-la também
esse amor faz a gente querer ser assim também
e esse amor faz a gente querer se amar também
e esse amor faz a gente querer se aproximar dela também

ela é substantivo
a própria substância dela
ela exerce seu "eu"

e eu?
eu não consigo parar de olhar pra ela.

Aline Nobre, no dia que eu fiquei hipnotizada.

22 de março de 2017

2 de março de 2017