5 de julho de 2016

1 de julho de 2016

Ser e Estar

A igualdade aparente é o disfarce da alma
Se vivo alimentando rótulos não vivo, morro!
Se morro para retirá-los não morro, vivo!
As diferenças que transparecemos são o espelho do ser

Quem tem coragem de ser terá ouvidos pacientes
A vida brota do silêncio e da espera
Somos particularidades e lembranças
Vivemos das migalhas que colhemos do passado

A permanência aparente é a saudade mentirosa
Não me vale inventar afetos para manter contato forçado
Mais me vale lembranças felizes do que presença insossa
Nem fotografia serve quando a memória não ama

Quem ama se faz vivo, vive!
Além-tato, além-audição, além-olfato, além-visão
Quem ama se faz vivo em sentidos sem denominação
A ausência presente é a verdade que se revela

Se sei que posso contar contigo, sei mesmo sem ouvir de ti
Não preciso de provas de amor ou declarações públicas de afeição
A verdade se revela na presença oculta, na cumplicidade, sem palavras
Estar presente é ser presença quando se precisa de atenção


Por Aline Nobre e Gizele Barbosa, fsp

31 de março de 2016

1º de Abril

Ao lembrarmos desta data, involuntariamente pensamos no “Dia da Mentira”, o que de fato é uma verdade. Este dia começou a ser comemorado na França no século XVI, mas ganhou muito sentido se analisamos nossa História Brasileira.

Dia 1º de Abril de 1680 marcou historicamente o dia da Abolição da Escravidão dos Povos Originários (chamados pelos colonizadores de “Índios”), por ocasião de o Rei de Portugal publicar uma lei que acabava com o cativeiro Indígena no Brasil, porém a verdadeira “libertação” dos Povos Originários foi efetivada por lei somente em 1758 em todo o Brasil. A data foi uma grande mentira, e será que não continua sendo até hoje? Ainda hoje os Povos Originários vivem lutando pelo direito à educação que contemple sua cultura. Eles não querem ser tratados apenas como parte do folclore brasileiro e nem serem vistos como “Indios”; que é como os colonizadores os chamavam, achando que eram superiores à eles. Ainda lutam para se manterem vivos – fisicamente e culturalmente e por direitos que já foram garantidos por lei, mas que não são cumpridos na prática. Eles buscam a preservação de seus meios de vida (os rios, as matas, as florestas). A PEC 215, defendida por certos políticos da Câmara teima em tirar deles o direito à terra previsto na Constituição Federal. Não será isso tudo ainda escravidão? Todos essas lutas e anseios por liberdade não deveriam ter acabado? Essa abolição não será uma mentira?



Dia 1º de Abril de 1964 foi o dia a culminação do Golpe Civil-Militar. Esta data não torna a tão batalhada Democracia também uma mentira? Foi instaurado em sequência o regime militar que foi uma época marcada por repressão, falta de democracia, perseguição, censura e suspensão de direitos constitucionais. Esse foi um período de mentira e sofrimento para a população pobre e para àqueles que à defendiam. Foram mais de 20 anos de falsa melhoria para o Brasil, onde reinava a mentira, e calava-se a verdade.



No contexto político-social-econômico que estamos vivenciando, não muito podemos esperar do 1º de Abril. Mentiras e mais mentiras continuam a ecoar por essa data, e o pior; mentiras fantasiadas de verdades-honestas-limpas-e-direitas que de tanto serem repetidas, se tornam verdades absolutas para muitos. Erros históricos ameaçam serem repetidos, só que desta vez com consentimento popular.

Com um dia do ano tão marcado por mentiras e injustiças, cabe a cada um de nós a busca da transformação dessa realidade. Não podemos continuar colaborando com esse sistema que se sustenta na mentira em qualquer dia do ano. Façamos a verdade prevalecer em cada dia de nossa existência. A mudança começa nas bases, começa no povo. Sejamos a mudança!



ALINE SILVA NOBRE

29 de março de 2016

Meu elemento é a água!


Sou clara, minha cara
Sou como as águas de um rio
Eu escorro, passo, vou e não volto
Só mergulhas em mim uma vez
Se qui seres mais, tem que me acompanhar, sem talvez
Sem pressa, pelas curvas, devagar

Sou fonte pra saciar
Discreta, essencial, profunda
Não preciso ser vista para provar
Que minha falta murcha, seca, machuca.

Mas eu também sou furacão
Quando agitada, na multidão
Causo escarcéu
Perco a noção.

Meu elemento é a água!

Meu elemento é o fogo!


Eu ilumino
Eu queimo
Eu esquento

Sou aconchego
Sou esperança
Sou amor à flor da pele

Começo fraca
Por vezes sou estável
Mas meu destino é crescer e me espalhar com o vento

Eu faço a festa
Eu convido a se aproximar
Eu danço conforme a vida, conforme as brisas, conforme o que existe a me rodear

Eu sou de sol, de estrela, de claridade, de vida
Eu sou menina, sou mulher, sou histeri a, eu sou latina

Meu elemento é o fogo!

20 de março de 2016

Outono

O outono se mostrou
Nesse equinócio que anuncia
Que deixará – gradativamente - mais longas as noites
E mais curtos os dias

E nesse compasso de mudança
Que passamos a cada ano
Vai nos dando esperança
Para traçarmos novas metas e novos planos

Há aqueles que dizem
Que é tempo de renovação
Para deixarmos as velhas histórias se irem (como as folhas das árvores)
Para as novas ganharem o seu espaço na nossa vida, na nossa mente e no nosso coração

Há também quem diga
Que é a estação do amor; tempo de confirmação
Em que só o que é de verdade suporta os ventos, suporta as perdas
Só o amor é capaz de suportar tal revolução

Mas o outono é passagem
É tempo de colher o que passamos tanto tempo à plantar
É o fim do verão
Para anunciar que daqui a pouco o inverno já vai chegar

Aqui no nosso sertão
É comum a gente pensar que não tem essa estação
Porque ela não dá na vista, como o nosso verão

Ela é singela e só se mostra para quem nela prestar atenção.